Banco de Áreas Verdes – Junho.2020
Mudanças Climáticas e Recuperação Econômica
Acompanhamos, no início de maio, webinar promovido pela Embaixada da Alemanha e pelo Instituto Clima e Sociedade (ICS), intitulado “Mudanças Climáticas e Recuperação Econômica”. O evento reuniu nomes como Andrea Meyer, chefe da divisão de política climática do Ministério do Meio Ambiente da Alemanha, Till Kötter, assessor internacional da Fundação Stiftung 2º, e os brasileiros Izabella Teixeira, ex-Ministra do Meio Ambiente, e Carlos Eduardo Frickman Young, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O evento teve como foco principal a discussão de iniciativas que estão sendo consideradas pelos setores públicos e privados do Brasil e da Alemanha, como parte de pacotes econômicos para o enfrentamento da atual pandemia. Nesse sentido, foram tratados os caminhos adotados pelos países para o cumprimento de metas climáticas.
A mediadora Ana Toni, diretora do Instituto Clima e Sociedade, deu início às apresentações ressaltando que o cenário de crise deve ser visto como uma importante oportunidade de remodelação econômica, ponderando erros do passado e buscando mudança de postura frente às agressões ao meio ambiente. Destacou que o momento é de reflexão sobre “qual tipo de recuperação econômica queremos e precisamos buscar”.
Andrea Meyer destacou que programas de estímulo para mitigação das mudanças climáticas seguem como pauta principal do Ministério do Meio Ambiente da Alemanha. Ressaltou que o país mantém o Programa Nacional de Ações para Proteção do Clima (Nova Lei de Proteção Ambiental), iniciado em 2019, com o objetivo de reduzir a emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE) por meio de incentivos financeiros a setores energéticos e industriais.
Embora o instrumento possa ser criticado pela sociedade, em virtude da disponibilização de fundos públicos para ações ambientais, quando poderiam ser destinados a programas emergenciais de suporte à saúde, o governo alemão entende que as pautas não são excludentes e que os compromissos climáticos do país devem ser mantidos.
Till Kötter, da Fundação Stiftung 2 German Businesses for Climate Protection, ressaltou iniciativas adotadas pelo setor privado. O assessor internacional da Fundação destacou o engajamento de 68 grandes empresas alemãs, dentre as quais figuram gigantes como Bayer, Allianz e Unilever Alemanha, por meio da assinatura de uma declaração pública assumindo as consequências da crise pós COVID-19 e mantendo o compromisso de atingir as metas do Acordo de Paris. A Fundação alemã, que busca estimular o setor privado às ações de proteção climática, entende que o foco durante a crise deve ser de suporte e estímulo ao setor produtivo, garantindo o desempenho de sua sustentabilidade.
A ex-ministra brasileira do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, apontou as lacunas na política ambiental nacional e a necessidade de medidas efetivas de proteção aos ecossistemas brasileiros, principalmente na região amazônica, fortemente afetada pela pandemia e com nível recorde de desmatamento no primeiro trimestre de 2020. Salientou a importância de adotarmos os países europeus como exemplo, principalmente no tocante às ações de proteção climática. Reforçou que o momento de crise deve ser encarado como uma oportunidade para adentrarmos à “economia da inovação”.
Carlos Eduardo Young também apresentou dados estatísticos de pacotes econômicos anunciados por alguns países. Os EUA, por exemplo, apesar de terem disponibilizado um dos maiores pacotes mundiais para amenizar os efeitos econômicos da crise causada pela pandemia, não divulgou ações de estímulos “verdes”. Nesse sentido, houve provocação de todos os palestrantes: será que estamos realmente nos esforçando para um remodelamento econômico que contemple o meio ambiente?
O evento deu notoriedade às oportunidades de inovação que devem ser consideradas em meio à crise, pautadas em uma recuperação econômica em consonância com ações de proteção ao clima. Países europeus mais avançados no desenvolvimento de políticas ambientais, a exemplo da Alemanha, devem ser tomados como modelo para a estruturação de medidas que objetivem o fortalecimento e cumprimento de metas climáticas internacionais, com foco na Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).
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