A importância do Brasil como potência de produção agropecuária e de conservação – Vol. 89 – Novembro.2022
Neste volume da carta da ECCON, abordaremos a importância do Brasil como potência de produção agropecuária e de conservação, sendo um ator relevante tanto para alimentar pessoas no mundo quanto para contribuir para a mitigação de mudanças climáticas.
Contexto
O Brasil é um país de dimensões continentais que ao longo das últimas décadas se consolidou como um grande produtor e exportador de produtos agropecuários. Na safra de 2021/2022, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), o país produziu 260 milhões de toneladas de grãos, além de ter produzido 9,7 milhões de toneladas de carne bovina em 2021, 14,3 milhões de toneladas de frango e 4,7 milhões de toneladas de carne suína. O país é também um grande produtor de café, com 50 milhões de sacas em 2021, cana de açúcar (715 milhões de toneladas) e laranja (16,2 milhões de toneladas).
Considerando uma população de 215 milhões de habitantes, é como se cada brasileiro produzisse 1,2 toneladas de grãos e 133 kg de carnes (bovina, suína e de frango) por ano. O país é também um grande exportador de produtos agropecuários, com mais de 25% da produção de carne e mais de 70% da soja exportadas em 2021.
Vegetação nativa
Uma parte significante do país ainda é conservada como vegetação nativa, seja como áreas protegidas, como unidades de conservação, parques, territórios indígenas e florestas públicas não destinadas. É importante dizer também que uma parte significativa das áreas de vegetação nativa são localizadas em propriedades privadas, por meio das Reserva Legais (RL) e Área de Preservação Permanente (APP), conforme determinado pela Lei no 12.651/2012.
De acordo com os dados da Coleção 7 do Mapbiomas, a produção agropecuária no Brasil ocupa 265 milhões de hectares, dos quais a maioria é ocupada por pasto (~151 milhões de hectares), seguido por área de soja (~39 milhões de hectares). Ao mesmo tempo, o país detém mais de 580 milhões de hectares de áreas de formação natural (Florestas, Cerrado e outras formações naturais) em áreas públicas e privadas.
Com a expectativa do aumento na demanda por alimentos da ordem de 60% até 2050 – devido ao crescimento populacional e aumento de renda média da população – e sabendo que o Brasil será peça chave para atender a esta demanda de produção agropecuária, pode-se perguntar se não é necessário que novas áreas produtivas sejam incorporadas aos 265 milhões de hectares já existentes. O Brasil já vem trabalhando muito na melhoria de produtividade de suas áreas convertidas, com ganhos significativos de produtividade nas últimas décadas devido ao investimento em pesquisa e extensão, bem como a adoção de novas tecnologias produtivas, desenvolvendo novas variedades, promovendo a integração de lavouras com pecuária, a fixação biológica de nitrogênio, o melhor manejo de pasto, a genética e a nutrição animal, dentre outras. Porém a nossa pecuária que também tem avançado muito nas últimas décadas, ainda tem muito a melhorar. Um artigo publicado em 2014 mostrou que aproveitamos menos de 35% do potencial produtivo das nossas áreas de pasto. O investimento na melhoria de produtividade das pastagens pode poderia ao mesmo tempo atender a demanda de produção de carne, e ao mesmo tempo liberar área para a expansão agrícola, sem a necessidade de conversão de novas áreas.
Conversão de áreas
Somos um grande produtor agropecuário e um país que conserva muito de suas áreas em vegetação nativa, mas temos convertido muitas áreas para especulação imobiliária, e eventualmente para a agropecuária. Dados de Alencar et al. (2022) mostram que mais de 50% das áreas desmatadas em 2021 ocorreram em áreas públicas não destinadas.
Em 2021, o desmatamento na Amazônia Legal, que inclui a Floresta Amazônica e parte o Cerrado, chegou a 13 mil km² (1,3 milhões de hectares), um número alarmante e que ameaça a sustentabilidade da nossa produção agropecuária no longo prazo.
Conservação como seguro
A conservação não é inimiga, mas sim aliada da produção agropecuária. De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), somente 8,2 milhões de hectares são irrigados no país. Ou seja, dos 265 milhões de hectares usados para a agropecuária, quase 96% dependem de água de chuva para atender a sua demanda hídrica. A ciência tem mostrado que a ação humana tem afetado gravemente os ciclos hidrológicos e que estamos nos aproximando de um ponto de não retorno, onde o desmatamento na Amazônia e Cerrado aceleram as mudanças climáticas. O desmatamento já tem afetado a temperatura média do solo e impactado os ciclos de chuva.
A conservação de vegetação nativa é, na verdade, um “seguro” que garante a sustentabilidade da nossa agropecuária a longo prazo. As mudanças climáticas são uma grande ameaça à agropecuária brasileira e à segurança alimentar global. Por isso torna-se necessário estimular e fortalecer ações de conservação de vegetação nativa. Os serviços ecossistêmicos prestados pela natureza são de valor incomensurável, e nós devemos fomentar a conservação e melhoria dos serviços ambientais.
Nesse sentido, projetos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+) e Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) ganham notável destaque e importância.
A ECCON desenvolve projetos de REDD+ e de PSA. Nossa equipe tem ampla experiência no desenvolvimento de negócios ambientais sustentáveis que contribuem para a mitigação de mudanças climáticas. Para mais informações, entre em contato: contato@wordpress-1196016-4217327.cloudwaysapps.com.
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Yuri Rugai Marinho
Marcelo Stabile
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