Carta de Negócios Ambientais – Especial ESG – Julho.2022

Neste volume especial da carta da ECCON, abordaremos a relação entre ESG (sigla para environmental, social and governance) e o agronegócio no Brasil.

Base econômica do Brasil

A agricultura e o agronegócio têm historicamente um papel estratégico na sociedade brasileira, e atualmente são reconhecidos como um dos principais alicerces de apoio financeiro do país. Desde os primórdios da história do Brasil, esse setor impactou a sociedade em todos os grandes ciclos econômicos. As características dos recursos naturais do país têm como vocação o desenvolvimento da agricultura, pois a maior parte das terras tem potencial agrícola, abundantes recursos hídricos, radiação solar e variação térmica ​​adequados para a maioria das culturas. Além disso, o Brasil possui uma enorme biodiversidade que fornece serviços ambientais que representam um grande diferencial competitivo no agronegócio.

Este setor envolve uma cadeia de atividades econômicas formada por desenvolvimento de insumos, cultivo de grãos e sementes, produção agropecuária, dentre outras atividades, gerando um ambiente favorável para a produção de riquezas, considerando a dimensão de suas atividades. 

Atentando-se a este cenário, a expansão acelerada, sem planejamento e gestão de riscos, pode causar impactos negativos no agronegócio quando não considerados os aspectos ambientais, sociais e de governança coorporativa. O tema sobre responsabilidades ESG tornou-se prioritário na última década, e traz a necessidade de observar suas diretrizes como vetores institucionais e financeiros em corporações. 

Demonstraremos a matriz de risco relacionada às práticas ESG inerentes ao setor de agronegócio, como: Áreas de Preservação Permanente, agrotóxicos, mudanças climáticas, (nos quesitos água, solo e pecuária), rastreamento de cadeia, e por fim, uso de tecnologias. 

Environmental, social and governance (ESG)

A sigla ESG é usada para se referir a boas práticas adotadas com o objetivo de impactar positivamente o meio ambiente, estimular o desenvolvimento social e garantir a integridade das operações de empresas. Fatores ligados a estas questões são essenciais para inovação, produtividade, crescimento de mercado e gestão de risco.

O entendimento e a aplicabilidade dos padrões ESG pelas empresas brasileiras é uma realidade: agir de acordo com os aspectos ESG aumenta a competitividade da economia, tanto nacional quanto internacionalmente. No mundo atual, onde as empresas são monitoradas minuciosamente por uma variedade de partes interessadas, o ESG mostra maior força, menor custo, melhor reputação e maior resistência à incerteza e vulnerabilidades perante os cenários nacional e internacional.

As ações relacionadas à ESG não se resumem a uma estratégia de marketing, ou ao chamado greenwashing. Cada vez mais há a necessidade de um gerenciamento consciente com as exigências da sociedade e os cuidados com o meio ambiente, pois estes geram impactos positivos em relação ao próprio empreendimento: a adoção de estratégias ESG no agronegócio contribui para uma produção mais sustentável e auxilia na adaptação e mitigação dos impactos no meio ambiente causados por ações humanas e climáticas, cooperando, assim, com a cadeia de produção e o bem-estar da sociedade.

Dessa forma, a utilização de aspectos ESG garante o futuro do agronegócio e preserva as relações do empreendimento com o meio ambiente, a sociedade e assegura o gerenciamento responsável. 

Agronegócio 

O conceito de agronegócio no Brasil é relativamente recente, tendo início na década de 1970. No entanto, é possível observar as práticas de agricultura e pecuária desde a colonização do país, sendo estas os pilares principais para o desenvolvimento da nação. O agronegócio se caracteriza, portanto, pelo conjunto de atividades econômicas que derivam, ou estão conectadas, à uma cadeia de produção alimentar que interliga setores como o da agricultura, pecuária, indústria, e o seu comércio. Ainda, o fornecimento de insumos agrícolas, medicamentos e máquinas também compõe a variedade de esferas da economia que estão relacionadas ao agronegócio. 

Estima-se que o Brasil possui 388 milhões de terras cultiváveis, e devido ao clima favorável em grande parte do território, a disponibilidade de recursos hídricos e a tecnologia desenvolvida empregada no setor agrícola, o setor de agronegócio é responsável por cerca de um terço do PIB do Brasil.

Assim, o agronegócio é reconhecido como um vetor crucial do crescimento econômico brasileiro que permanece ampliando as perspectivas para o desenvolvimento do país. 

Código Florestal 

O Código Florestal do Brasil foi implementado a fim de nortear as ações humanas em áreas de preservação ou protegidas, com o objetivo de incentivar o plantio de forma sustentável e promover a agricultura equilibrada. A versão mais atual do Código Florestal é de 2012 (Lei n° 12.651/2012), e nele houve a inclusão de novos tópicos importantes, como a obrigatoriedade da implantação do Programa de Recuperação Ambiental (PRA) para Estados e Municípios brasileiros, no qual as propriedades com algum passivo ambiental devem aderir e apresentar um plano de regularização ambiental; e o Cadastro Ambiental Rural (CAR).

O CAR coleta informações sobre propriedades rurais, dados de proprietários, áreas de interesse social, informações sobre vegetação nativa, de áreas integradas, entre outros. Todos esses dados são coletados para garantir a vigilância, o planejamento econômico e ambiental, e o combate ao desmatamento. 

O Código também é responsável por monitorar a exploração florestal, suprimento de matéria prima florestal, controle de origem dos produtos florestais, prevenção de incêndios, e disponibilizar instrumentos econômico-financeiros para atingir seus objetivos.

Ainda, o Código Florestal é claro ao expressar seus objetivos direcionados ao desenvolvimento sustentável. Neste aspecto, destaca-se o artigo primeiro da lei, que estabelece o compromisso soberano do Brasil com a preservação das suas florestas e demais formas de vegetação nativa, bem como da biodiversidade, do solo, dos recursos hídricos e da integridade do sistema climático, para o bem-estar das gerações presentes e futuras. 

Dessa forma, o manejo adequado dos recursos naturais presentes em qualquer propriedade rural deve estar em conformidade com as normas ambientais e o princípio da sustentabilidade. 

Matriz de riscos  

Os fatores de risco ESG devem ser analisados de forma conjunta, e para isso, utiliza-se uma matriz de riscos para detectá-los. A matriz de riscos é uma ferramenta que serve para gerenciar os riscos operacionais existentes em um negócio: o seu objetivo é reconhecer a probabilidade de certos eventos ocorrerem, e assim, desenvolver ações para evitá-los ou mitigá-los.

Dos anos 1970 aos anos 1990, o conceito de risco era destinado a acontecimentos com potencial danoso aos objetivos pretendidos. Mais recentemente, novas definições de risco incluíram a chamada “vertente positiva”, os eventos com possível impacto positivo para a concretização da finalidade desejada. Dessa forma, uma matriz de riscos pode ser utilizada para avaliar as oportunidades, ou seja, uma fonte de ganhos que a organização possui para melhorar seus resultados, e ameaças, os riscos negativos inerentes ao empreendimento. 

Neste aspecto, as empresas almejam se desenvolver de forma a elevar seus resultados operacionais e minimizar os riscos na tomada de decisão através da eficiência dos seus processos. Destes processos, destaca-se a auditoria, que visa estabelecer a estratégia dos trabalhos a serem executados na empresa, observando a natureza, riscos e oportunidades das matérias a serem analisadas – método eficiente para um planejamento seguro e controlado.

Além dos atributos de riscos tradicionais de mercado, é importante reconhecer os riscos ambientais, sociais e de governança que todas as empresas enfrentam, cientes ou não. Os riscos ESG carregam atributos materiais que afetam o valor a longo prazo das empresas, no entanto, são difíceis de quantificar. 

Dessa forma, é possível observar a presença de tais riscos na realidade do agronegócio nacional. Como exemplo, questões relacionadas às consequências das mudanças climáticas podem infertilizar solos antes cultiváveis, ou secar fontes de água reservadas à criação de gado. Questões sociais incluem a segurança no local de trabalho, remuneração e qualidade dos produtos. Assim, observa-se que, nos últimos anos, os riscos ESG vêm se tornando imprescindíveis para a manutenção de um negócio agrário, e logo, devem ser rastreados para que se possa delimitar ações de mitigação e prevenção específicas para cada empreendimento, baseado em uma matriz de risco.  

Abordaremos, a seguir, itens a serem considerados em uma matriz de risco acerca de aspectos ambientais, sociais e de governança, no agronegócio.

Proteção de Áreas de Preservação Permanente

O primeiro ponto de atenção a ser considerado em nossa matriz de risco, é a proteção de Áreas de Preservação Permanente (APP). APPs simbolizam uma “área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”. O Brasil possui a maior área de vegetação natural tropical protegida, e quase metade de toda essa área vegetal encontra-se localizada em propriedades privadas. Dessa forma, por meio da legislação vigente, garante-se que os ecossistemas sejam preservados, assegurando o direito a um meio ambiente equilibrado.

O monitoramento sistemático da cobertura florestal, associado à imposição de punição aos infratores da regulamentação ambiental, é um incentivo importante para que os proprietários rurais não desmatem áreas de APP. Portanto, é primordial que o agricultor saiba identificar uma APP. Através da Lei de Crimes Ambientais, por exemplo, o ato de “destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção”, constitui um delito cuja pena prevista é a de detenção, de um a três anos ou multa, podendo ser aplicadas de modo cumulativo.

No entanto, o Código Florestal prevê a possibilidade de uma gestão sustentável nas Áreas de Preservação Permanente. Neste aspecto, sua exploração depende de técnicas de condução, exploração, reposição florestal e manejo compatíveis com os variados ecossistemas que a cobertura arbórea forme. Assim, pode-se compensar a APP por meio do regulamento estabelecido. 

Dessa forma, frisa-se a necessidade do conhecimento da legislação ambiental brasileira e de suas diferentes possibilidades de adequação em relação ao manejo de Áreas de Preservação Permanente de forma sustentável.

Agrotóxicos 

O próximo item a se considerar em nossa matriz é a utilização inadequada de agrotóxicos. O processo produtivo agrícola brasileiro está cada vez mais dependente dos agrotóxicos e fertilizantes químicos. Embora a utilização de tais químicos tenha como um de seus objetivos o controle de pragas que causam danos significativos na produção alimentícia, não se pode negar os impactos negativos associados ao seu uso inadequado e excessivo.

Estas substâncias são reconhecidas cientificamente como danosas à saúde pública e ao meio ambiente, e são regulamentadas por lei federal. Atualmente, há 4.644 agroquímicos liberados para uso no país, sendo destes, 1.082 extremamente tóxicos à saúde e 117 altamente perigosos à natureza. No entanto, este fato não impede sua aplicação no Brasil: segundo a ANVISA, dos 50 agrotóxicos mais utilizados nas lavouras nacionais, 22 são proibidos na União Europeia. Isto torna o Brasil o maior consumidor de agrotóxicos já banidos por outros países.

No âmbito do meio ambiente, agrotóxicos podem contaminar reservatórios de água, rios, recursos hídricos e bacias fluviais, podendo interferir nos organismos vivos aquáticos. As plantações, o solo, e organismos não-alvo participam também como principais vítimas do uso inadequado do agrotóxico. O fato é que pulverizações, às vezes desnecessárias, ou dosagens acima do valor recomendado, são realizadas na maioria das culturas, elevando assim a pressão agrícola sobre o meio ambiente e impactando no colapso da biodiversidade. 

Dessa forma, podemos observar que a utilização inadequada de agrotóxicos impacta, principalmente, na saúde humana – seja esta relacionada aos consumidores finais do produto, aos trabalhadores que os manuseiam ou comunidades atingidas por resíduos da pulverização aérea –, e no ecossistema. Assim, ao tratar de agrotóxicos, deve-se considerar aspectos de governança para um manejo adequado, de baixo risco e menor impacto na sociedade e meio ambiente.

Mudanças Climáticas 

A agricultura e as mudanças climáticas estão fortemente interligadas, e seus impactos devem ser considerados ao conduzir o agronegócio.  As mudanças climáticas são transformações a longo prazo nos padrões de temperatura e clima causadas pela atividade humana, devido à emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, como por exemplo, a queima de combustíveis fósseis, o desmatamento de terras e florestas, e por meio da agricultura. 

Os possíveis efeitos do aquecimento global no abastecimento de comida são preocupantes, pois, paralelamente à redução na produção de alimentos, a população mundial está aumentando e tende a aumentar ainda mais no futuro e necessitará, assim, de maior disponibilidade de comida. 

O setor agrícola é dependente da previsibilidade do clima e dos processos meteorológicos para o planejamento do plantio e colheita das plantações, e o aumento da temperatura em função das mudanças climáticas mudará a configuração de produção e o ciclo agrícola. No âmbito nacional, estudos indicam que o Brasil terá perdas econômicas no setor de agronegócios decorrentes dos impactos negativos das mudanças climáticas, e este prejuízo já é visível no cotidiano do agricultor devido aos eventos extremos que assolam o país nos últimos anos: frentes frias causaram neve e geadas no Rio Grande do Sul, prejudicando o agronegócio local; calores intensos provocam secas em Minas Gerais e na região Nordeste, tornando o solo difícil de cultivar. 

No entanto, importante destacar que o agronegócio, além de sofrer as consequências das mudanças climáticas, é também um de seus propulsores. Mitigar este evento é, também, zelar por seu ofício. Nesse sentido, estratégias de adaptação às mudanças climáticas são essenciais para que os agricultores e todos os elos da cadeia produtiva do agronegócio possam minorar os efeitos adversos previstos. 

Dessa forma, o conhecimento dos fatores que desencadeiam as consequências das alterações climáticas ocupa papel crucial para o desenvolvimento de ações de enfrentamento ao problema. Deve-se utilizar cada vez mais técnicas sustentáveis e de ESG para combater os impactos negativos das mudanças climáticas no setor agrícola, em especial, as consequências relacionadas à água, solo e pecuária – e o conhecimento do fenômeno climático por parte daqueles que serão alvo das políticas certamente implica no sucesso e eficiência de sua aplicação. 

Água 

O ciclo da água está diretamente ligado ao clima, e assim, é influenciado pelas mudanças na variação de temperatura, impactando negativamente o agronegócio. Eventos extremos que alteram o regime de chuvas provocam o aumento de variações hidrológicas, como inundações e longos períodos de secas, afetando, assim, o suprimento de recursos hídricos para todos. 

No Brasil, apenas 5% das terras agrícolas são irrigadas e regadas, e 95% da área é diretamente dependente de variações naturais de precipitação. A água é o fator de produção mais importante do agronegócio, tendo em vista o consumo de mais de 80% dos recursos hídricos no Brasil por parte da pecuária e agricultura. Com o aquecimento global, há a necessidade de estabelecer novos parâmetros de uso de água na agricultura e na pecuária brasileira – o aumento da temperatura média global pode reduzir a capacidade dos solos em absorver água, implicando no abastecimento de água subterrânea, produção e segurança alimentar. As chuvas intensas fazem com que o solo perca nutrientes por meio da lixiviação, e reduzem o potencial de irrigação, induzindo a perdas de matéria orgânica do solo e, então, implicando na quantidade de terras agricultáveis e pasto. Em outro processo danoso, o aumento de temperaturas deve fazer com que o gado precise de ainda mais água para se refrescar, num ambiente onde a oferta do líquido será mais restrita, implicando na produção da pecuária.

Com o aumento progressivo da produção alimentícia em razão da demanda mundial, e a utilização hídrica excessiva na agricultura, deriva-se a degradação da qualidade da água superficial e subterrânea. Além disso, o estado catastrófico dos recursos hídricos em face das mudanças climáticas se intensifica na ocorrência da eutrofização, ou seja, a poluição de corpos d’água, devido ao uso excessivo de fertilizantes no agronegócio. Desse modo, considerando o aumento das fontes de contaminação, a diminuição da disponibilidade e do estresse hídrico em muitas regiões do planeta, a segurança hídrica será afetada e, consequentemente, a produção do agronegócio.

Solo  

Importante destacar que as características dos recursos naturais do Brasil estabelecem vocação natural para o desenvolvimento da agricultura, pois em grande parte do território nacional há solos com potencial agrícola adequados à maior parte dos cultivos. No entanto, práticas inadequadas e alterações climáticas influenciam na produção rural e impactam o agronegócio. 

O solo é o segundo maior armazém de carbono do planeta: o carbono que as plantas não utilizam para crescer à superfície é distribuído através das suas raízes, que o depositam no solo. No Nordeste do Brasil, por exemplo, estima-se que devido às mudanças climáticas, a região poderá passar de zona semiárida a zona árida, e as consequências dessa mudança afetarão a alimentação e a saúde da população local. No entanto, importante destacar que a forma como o solo é utilizado também influencia a quantidade de carbono que ele consegue reter: neste aspecto, importante considerar o uso sustentável do solo nas zonas rurais para mitigar e adaptar às mudanças climáticas. 

As mudanças climáticas devem elevar a quantidade de precipitação que erodirá o solo, porém, o uso intensivo da terra para a agricultura e o emprego de métodos que tendem a repercutir o mesmo efeito, juntamente com o desmatamento e sobrepastoreio, também aceleram a perda do solo. Assim, a adoção de práticas não sustentáveis, como queimadas, adubação inadequada, preparo intensivo do solo e avanço de uso de agrotóxicos contribuem com práticas agrícolas insustentáveis e que impactam negativamente o solo.  A devastação na Amazônia Legal, por exemplo, causa uma drástica degradação do solo: estima-se que há 20.000 quilômetros de terras desmatadas que já foram ocupadas pelo agronegócio, e hoje, estão abandonadas.

Dessa forma, os impactos negativos decorrentes de uma gestão de terra inadequada e mudanças climáticas afetam diretamente o agronegócio, pois o solo livre de nutrientes e incapaz de reter água não produz ou produz com má qualidade o cultivo, e também, altera a disponibilidade de pasto direcionado à pecuária, repercutindo na economia.

Portanto, argumenta-se ser imprescindível a adoção mais ampla de práticas agrícolas sustentáveis, ou seja, baseado nas dimensões ambientais, sociais e econômicas, para evitar os riscos relacionados ao manejo inadequado do solo e do aumento de temperatura.

Pecuária

A pecuária é um fator importante na matriz de riscos ESG do agronegócio: a produção animal tanto pode sofrer influências como provocar as mudanças climáticas. Os impactos da variação de temperatura comprometem diretamente a pecuária: condições mais frias em um ambiente não adaptado, por exemplo, podem alterar a disponibilidade de alimento; eventos de extremo calor geram impactos sobre animais não habituados, alterando seu genótipo e a sua distribuição entre regiões; inundações e secas alteram o rendimento de pastagem, e a falta de nutrientes para o gado altera a qualidade da carne ofertada. Observa-se, portanto, que as mudanças climáticas são percebidas como uma grande ameaça para a sobrevivência de muitas espécies, dos ecossistemas e da sustentabilidade financeira dos sistemas pastoris.

Em contrapartida, durante a 26ª Conferência das Partes (COP26) em 2021, foi apresentado um relatório, organizado pela Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), o qual indica um aumento de 17% de emissões de carbono através da agropecuária nos últimos 30 anos, sendo o Brasil o terceiro maior emissor deste gás no mundo.

O principal índice ligado a este problema no setor agropecuário é o desmatamento de florestas para uso da área em lavouras e pastos, e ainda, a emissão de metano pelos bovinos após sua digestão. Estima-se que, atualmente, 90% das áreas desmatadas no Brasil são destinadas à pastagem.

Portanto, exige-se conhecimento acerca das mudanças climáticas e de uma gestão responsável e sustentável que se adeque à legislação brasileira, a fim de mitigar os impactos ambientais negativos sofridos e causados pelo gado.

Rastreabilidade de cadeia  

A rastreabilidade de cadeia é crucial para a garantia de proteções do meio ambiente e da sociedade, além de ser uma responsabilidade de governança. O conceito de “Rastreabilidade de Cadeia” surgiu devido à necessidade de saber em qual local um produto se encontra na cadeia logística, sendo possível traçar o histórico, aplicação, uso e localização de uma mercadoria individual, através da impressão de números de identificação. A rastreabilidade tornou-se importante após o surgimento de doenças relacionadas à ingestão de alimentos, como a Salmonella e a Escheria Coli, e a necessidade de combater o problema a partir de sua origem.  

Dessa forma, é possível manter a segurança alimentar em todos os estágios pelo qual o alimento passou, garantindo a qualidade do produto e a transparência de informações para o consumidor.  

O sistema de rastreabilidade na pecuária funciona desde o início da cadeia produtiva, controlando o nascimento do bovino e bubalinos, o manuseio, controle de doenças, abate, transporte, distribuição, entre outras, tanto para o consumo no mercado interno e externo, certificando a origem e sanidade do produto. Outro fator importante assegurado pela rastreabilidade é o conhecimento da procedência bovina. Mediante a integração de informações entre a Guia de Transporte Animal, o CAR e os respectivos mecanismos legais que permitam sua validação conjunta, e seguindo as exigências estabelecidas pelos Termos de Ajuste de Conduta (TAC) entre o Ministério Público Federal e os processadores de carne operando na Amazônia Legal, o Brasil tem como garantir produção de carne bovina livre de desmatamento ilegal.

A rastreabilidade, é, portanto, uma ferramenta de gestão que contribui com os aspectos sustentáveis e sociais relacionados com o produto final do agronegócio, e é imprescindível para a manutenção e segurança do mercado. 

Uso de tecnologia 

O último tópico da matriz de risco é o uso de tecnologia no campo. Os trabalhadores do agronegócio brasileiro, além de enfrentarem os riscos das mudanças climáticas, pragas e doenças que afetam a lavoura, necessitam lidar também com o avanço de novas tecnologias. 

A agricultura brasileira está passando por um processo de transformação digital, que tem como principal função gerar informações que, após serem analisadas, irão auxiliar o produtor na tomada de decisão na lavoura, cada vez mais assertivas, e alcançar uma melhor produtividade. Tendo o Brasil um setor agrícola vibrante e produtivo, o país continua sendo pioneiro na intensificação da agricultura para aumentar ainda mais o seu desempenho, atendendo às crescentes demandas alimentares nacionais, regionais e globais.

Uma das novas tendências de tecnologia no agronegócio é a utilização de drones: robôs aéreos que possuem câmeras e podem ser controlados à distância, possibilitando a captação de imagens e o acompanhamento, em tempo real, do desenvolvimento do cultivo. Assim, identifica-se pragas, doenças, invasões e demais problemas que possam interferir na produção.

Além da praticidade, a adoção de novas tecnologias no âmbito do agronegócio permite aumentar a qualidade do produto, reduzir os impactos nos ecossistemas, melhorar a segurança do trabalhador e mitigar possíveis perdas, elevando assim, os rendimentos. A chamada “tecnologia de precisão” há muito tempo vem sendo desenvolvida e aplicada no campo com o propósito de compensar as deficiências estruturais não gerenciáveis pelo produtor.

Dessa forma, apesar das soluções trazidas pela tecnologia permitirem o crescimento da participação do agronegócio no PIB brasileiro, há desafios a serem superados, como a falta de infraestrutura relacionada à conectividade nas áreas de plantio mais remotas e o impacto financeiro referentes a possíveis perdas de dados. É inegável que o uso de tecnologia de ponta tem contribuído significativamente para o crescimento sustentável do setor e com a economia brasileira como um todo, no entanto, dada a crescente importância da tecnologia para as empresas, é muito importante que o setor inclua aspectos de seu processo de gerenciamento de risco para evitar possíveis danos correspondentes à implementação de tecnologias sem o seu manejo adequado ou compreensão. 

Ações da ECCON

A ECCON Soluções Ambientais foi fundada em 2014 e, desde então, inova e fortalece o mercado de negócios ambientais e de consultoria ambiental no Brasil. Além dos trabalhos para nossos clientes, desenvolvemos tecnologia e serviços para a comunidade internacional, o que rendeu nosso reconhecimento como uma das principais iniciativas para mitigação da mudança climática no Brasil em 2018.

Somos parte em projetos relevantes de geração de energia renovável, reflorestamento e geração de créditos de carbono, o que nos insere como uma das principais instituições de impacto positivo no setor ambiental. Para mais informações, entre em contato conosco: contato@wordpress-1196016-4217327.cloudwaysapps.com .

*** 

Temos interesse em suas críticas e sugestões. Envie para que aprimore nossa comunicação e reflita em nossas cartas!

Yuri Rugai Marinho
Julia Lenzi
Mariana Sanches Saú

FAÇA PESQUISAS EM NOSSA PLATAFORMA

É só clicar na lupa no canto superior direito do site e digitar o assunto de interesse. São mais de 100 artigos criados por nossa equipe e colaboradores, tratando os principais temas ambientais.

Equipe

ECCON  é uma empresa de regularização ambiental focada na apresentação de soluções ambientais. Nossos profissionais possuem formação nas melhores faculdades do Brasil e experiência técnica para oferecer serviços dinâmicos e com graus diferentes de especialização. Registro serviços de identificação, diagnóstico e a efetiva regularização ambiental de todo tipo de propriedade ou atividade produtiva desenvolvida dentro das fronteiras do Brasil. Acompanhe-nos na imprensa.

Nossa equipe se fortalece ainda mais com os parceiros e consultores que atuam em projetos específicos, de acordo com a demanda e expertise de cada um.

* Campo obrigatório