Planos de descarbonização no contexto das ações climáticas do setor privado – Vol. 109 – Agosto.2024

Neste volume da Carta da ECCON, abordaremos os planos de descarbonização no contexto das ações climáticas do setor privado.

Contexto

O desenvolvimento de estratégias de descarbonização é um dos temas que atualmente domina a pauta de sustentabilidade, principalmente por representar um grande desafio ao setor privado. Se com a adoção do Acordo de Paris em 2015, a responsabilidade por reduzir as emissões de gases de efeito estufa em nível global foi atribuída aos países signatários por meio de suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), hoje, o tema evoluiu a ponto de empresas ratificarem compromissos de forma voluntária e pública, alinhadas ao conhecimento científico de que a tomada de ação climática é urgente.

Em seu relatório de monitoramento no ano de 2023, a Science Based Targets Initiative (SBTi), organização sem fins lucrativos referência na elaboração de metodologias de estabelecimento de metas de redução de emissões para empresas e instituições financeiras, relatou um aumento de 102% no número de metas corporativas traçadas no final de 2023, em comparação com o final de 2022. Em sua atualização mais recente, o dashboard de metas da SBTi relata que 5.857 empresas possuem metas validadas ao redor do mundo.

O desafio é grande, pois não existe solução simples para a descarbonização. Metas baseadas na ciência não são fáceis de serem atingidas e a trajetória de redução de emissões deve ser construída com atenção especial a aspectos conceituais e técnicos, evitando exposição a acusações de greenwashing, por exemplo.

Construindo a jornada de descarbonização

Planos de descarbonização são muito particulares para cada organização. Mesmo para o caso de empresas do mesmo ramo de atuação, cada instituição possui particularidades estruturais, operacionais e econômicas que devem ser levadas em conta durante o desenho de sua trajetória.

O plano tem início com um Inventário de Gases de Efeito Estufa que deve ser completo e auditável. Com isso, é feito o retrato do volume de emissões em determinado ano base.

Um inventário completo que siga a abordagem metodológica elaborada pela GHG Protocol, referência no mercado, relata as emissões de uma empresa em seus 3 escopos, que são classificados por sua origem: no escopo 1 estão as emissões diretas; no escopo 2, as indiretas ligadas à aquisição de energia; no escopo 3 estão as emissões geradas por outras atividades causadas indiretamente por uma organização.

Na sequência, definem-se dois pontos: até onde se quer chegar em termos de redução de emissões e em quanto tempo isso deve ocorrer. Para tanto, recomenda-se que sejam definidas metas baseadas na ciência, a partir das metodologias setoriais ou intersetoriais divulgadas pela SBTi. Metas estabelecidas segundo critérios da própria organização também são válidas, mas devem ter respaldo científico em seus critérios de definição.

Após, é feito um diagnóstico das fontes de gases de efeito estufa, em conjunto a um levantamento das medidas de redução aplicáveis a cada caso. É imprescindível que as ações propostas sejam precificadas para que a tomada de decisão sobre as alternativas disponíveis possa ser embasada em valores.

Por fim, após elaboração e precificação do plano, é necessário que haja incorporação ao planejamento estratégico anual da organização, estabelecendo assim um compromisso que deve ser almejado por todos os seus setores. Nesta etapa, é importante que um monitoramento constante seja realizado, para fins de avaliação e quantificação da efetividade de cada uma das medidas propostas.

Desafios e oportunidades

A equipe responsável pela elaboração de um plano é constantemente exposta a problemas que parecem não ter solução ou com necessidades para as quais não há recurso disponível. Alternativas criativas (e por vezes inovadoras!) adaptadas à realidade de cada organização costumam surgir sob esse contexto.

Benchmarking e pesquisas sobre soluções usuais ou inovadoras para empresas que atuam no mesmo ramo também são muito relevantes. Em um cenário de mudanças climáticas, com a difusão da temática de cadeias de suprimento sustentáveis, empresas concorrentes podem colaborar entre si para colher resultados mútuos.

A exposição de cases, formação de grupos de trabalho e publicação de ações em relatórios de sustentabilidade são extremamente úteis para o atingimento conjunto de metas de descarbonização. A Oil and Gas Climate Initiative (OGCI), por exemplo, é uma organização formada por 12 empresas líderes na produção e distribuição do setor de óleo e gás, que atuam em parceria no desenvolvimento e investimento em soluções de descarbonização setoriais.

A descarbonização do Escopo 3 costuma ser a mais desafiadora. Envolve um contato próximo com fornecedores e uma visão mais refinada de uma cadeia de valor. Nesse processo, é recomendável um engajamento com outras ações em temas de sustentabilidade, voltadas para o lado social e de governança, além de um mapeamento de riscos ESG.

A ECCON Soluções Ambientais possui equipe experiente e capacitada para auxiliar sua empresa a trilhar sua jornada em sustentabilidade, descarbonização e reporte de informações ESG. Para mais informações, acesse nosso site ou entre em contato: contato@ecconsa.com.br.

Yuri Rugai Marinho
Fernando Montanari
Jordi Gimbernau Gimenez

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