Serviços ecossistêmicos e sua medição em projetos de carbono – Vol. 93 – Março.2023

Neste volume da carta da ECCON, abordaremos conceitos relacionados aos serviços ecossistêmicos e sua medição em projetos de carbono com técnicas de geoprocessamento.

Contextualização

Há muitas décadas a academia busca elucidar a relação entre a natureza e a sociedade do ponto de vista econômico. Na publicação do livro “Cours complet d’économie politique pratique”, do economista Jean Baptiste Say, de 1829, já se sugeria que o vento e o sol trabalhavam em benefício da sociedade, ainda que os serviços deles não fossem pagos. Tratava-se, ainda que não expressamente citado na obra, de um conceito de serviço ecossistêmico.

Em 2005, a Millennium Ecosystem Assessment – MEA chamou de Serviços Ecossistêmicos todos os benefícios que o ser humano obtém dos ecossistemas e os agrupou em 4 categorias: provisão, suporte, regulação e culturais. No Brasil, a Lei nº 14.119/2021 também utiliza essas mesmas quatro categorias ao instituir a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais.

De acordo com essa lei, serviços ecossistêmicos são os benefícios relevantes para a sociedade gerados pelos ecossistemas, em termos de manutenção, recuperação ou melhoria das condições ambientais. Já os serviços ambientais são atividades individuais ou coletivas que favorecem a manutenção, a recuperação ou a melhoria dos serviços ecossistêmicos.

Serviços ecossistêmicos em projeto de carbono

Em 1997, Robert Costanza e seus colaboradores publicaram um artigo (The value of the world’s ecosystem services and natural capital | Nature) estimando o valor econômico de 17 serviços ecossistêmicos em 16 biomas. O resultado foi a estimativa de cerca de US $ 16-54 trilhões por ano, com uma média de US$ 33 trilhões por ano.

Dentre os serviços estimados, estava a regulação de Gases de Efeito Estufa (“GEE”). A mudança no uso da terra contribui com um quarto das emissões globais de GEE. Nesse contexto, um importante mecanismo na conservação de florestas é o REDD (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal), que tem como principal objetivo contabilizar emissões evitadas dos GEE.

Geoprocessamento aplicado aos serviços ecossistêmicos

Para o monitoramento ou identificação de mudanças no uso da terra, os sistemas de informações geográficas (“SIG”) e bancos de dados geográficos associados são essenciais. Em projetos de REDD, as técnicas de geoprocessamento são transversais a todos os temas estudados, iniciando desde a análise de viabilidade da área. A aplicação dessas técnicas visa estudar e medir os serviços ecossistêmicos dentro de uma área de estudo que serão valoradas através dos créditos de carbono.

Como exemplo de aplicação de técnicas de geoprocessamento conduzidas em projetos de carbono, está a delimitação da área de geração de créditos de carbono. Através da aplicação de diversas ferramentas e cruzamento de bancos de dados geográficos, é obtida a contabilidade de área por fitofisionomia florestal, a qual será convertida em biomassa e em seguida em carbono.

Também é necessário verificar se a área que será dedicada ao projeto é florestada há pelo menos dez anos. Imagens multitemporais de satélite de alta resolução, composições de bandas específicas para mapeamentos do uso e cobertura do solo, assim como para a identificação de áreas queimadas e degradadas, são alguns dos recursos necessários para verificar se a área é passível de receber um projeto de carbono.

Para a delimitação da linha de base analisamos diversos conjuntos de dados, tais como: informações de uso e cobertura do solo a nível nacional ao longo de 10 anos; identificação de fitofisionomias e pedologia da área avaliada; dados de levantamento nacional sobre desmatamento e queimadas; dados de hidrografia refinada, a fim de mapear Áreas de Preservação Permanente (“APP”); extração em ambiente SIG da altitude e relevo das áreas a fim de conhecer e identificar possíveis APPs de topo de morro ou outras; análise de imagens de alta resolução e multiespectrais para identificar regiões com cicatrizes de queimadas ou áreas degradadas e, através de ferramentas específicas do SIG, mapeamento automático de áreas não florestadas.

Além da área específica do projeto, é necessário, ainda, mapear regiões de aspectos biofísicos semelhantes a ela. O mapeamento dessas regiões identifica os principais vetores de conversão de uso do solo de determinada região e auxilia na modelagem de prospecção e velocidade de degradação da área, caso o projeto não seja implementado. Centenas de ferramentas de geoprocessamento são aplicadas em um projeto de carbono para medir e entender os serviços ecossistêmicos em que a área está inserida.

A disseminação do conhecimento sobre o precioso serviço que a natureza presta, e sua valoração, sem dúvida, amplia o conhecimento coletivo acerca da importância da preservação e conservação do meio ambiente. Para mais informações sobre serviços ecossistêmicos, projetos de carbono e geoprocessamento, entre em contato: contato@wordpress-1196016-4217327.cloudwaysapps.com.

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